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Professor João Pais (1949-2016)

22-02-2016

Faleceu o nosso Colega e Amigo João Pais.

João José Cardoso Pais, de seu nome completo, nasceu em Cabeção (Mora), a 14 de Outubro de 1949 e faleceu em Faro, a 19 de Fevereiro de 2016. Licenciado em Geologia na Faculdade de Ciências de Lisboa em 1972, aí iniciou, no ano seguinte, uma carreira docente, como Assistente Eventual. Em 1976 transferiu-se para a Universidade Nova de Lisboa, sendo um dos elementos do grupo que constituiu o embrião inicial do Departamento de Ciências da Terra da FCT/UNL. Na FCT/UNL desenvolveu toda a carreira académica e de investigação, até atingir o lugar de Professor Catedrático em 2005, ano em que integrou a Academia das Ciências de Lisboa, como Sócio Correspondente.

Desempenhou as funções de Presidente do Departamento desde 2000 até à aposentação, em Abril de 2013. Depois dessa data continuou a colaborar com o Departamento e o centro de investigação GeoBioTec, com a continuação de uma profícua investigação científica e aulas pontuais, como sempre gostou de fazer, em disciplinas da sua área do “coração”: a Paleobotânica, no curso de Mestrado em Paleontologia da FCT/UNL, de que foi co-fundador em colaboração com a Universidade de Évora.

Especializado em Paleobotânica e Palinologia, e na Estratigrafia de unidades terciárias das bacias do Tejo e do Algarve, além de extensa actividade de gestão e administração universitárias, colaborou intensamente em projectos de investigação com colegas de outras universidades portuguesas e estrangeiras e no apoio à cartografia geológica desenvolvida pelo LNEG. Do seu curriculum vitae constam mais de duzentas publicações científicas e foi o grande especialista português em Paleobotânica, de renome mundial.

O João Pais, como todos o conheciam, era um excelente docente e investigador, manifestando sempre grande disponibilidade para apoiar quantos, colegas e estudantes, se lhe dirigiam a pedir qualquer tipo de colaboração e/ou apoio. Os seus alunos têm-no como um Professor de referência, quando podiam vinham ao DCT visitá-lo para relembrarem “outros tempos”; tinha sempre a porta do gabinete e os braços abertos para todos bem receber, sempre com um sorriso inconfundível, que não esqueceremos.

O João Pais era uma pessoa calma e esclarecida, nada dado a polémicas, sempre procurando consensos; era um líder natural, que sabia escutar e dar um bom conselho, que se interessava pelas dificuldades dos outros e ajudava sempre que solicitado, independentemente da condição de docente, aluno ou funcionário. Era tímido e pouco dado a luzes de ribalta, porque sabia que as suas qualidades profissionais e pessoais eram reconhecidas com naturalidade por toda a comunidade docente e dos geólogos em Portugal e além-fronteiras.

O João Pais tinha uma noção muito clara e rigorosa do que é o Serviço Público e o que é saber servir a Sociedade. Não se fechava na sua concha de docente e investigador de excelência; sempre retribuiu à Sociedade, de forma superior, aquilo que ela foi capaz de lhe dar. Foi membro activo de várias sociedades científicas e profissionais, mas destacamos muito particularmente a Sociedade Geológica de Portugal e a Associação Portuguesa de Geólogos, que sobrevivem do trabalho voluntário dos seus membros. Nunca se poupou a esforços, nunca foi capaz de dizer “não” a qualquer pedido de ajuda, de colaboração, mesmo que daí nada pudesse vir de retorno em seu benefício, porque lhe ficava sempre o prazer do dever cumprido, para com as pessoas, os amigos e, muito particularmente, a Geologia.

O João Pais foi um Homem de memórias e de causas. Com o seu estilo próprio, deu continuidade, com persistência e denodo à visibilidade e ao prestígio já anteriormente granjeados pelo Departamento de Ciências da Terra, internamente na Faculdade e externamente perante outros departamentos da especialidade, nacionais e estrangeiros. Não foi por acaso que o Departamento de que era Presidente foi desafiado a organizar importantes eventos como o VI Congresso Nacional de Geologia (2003) e o 1st International Congress on Stratigraphy (STRATI) em 2013, e ele imediatamente os acolheu e levou-os em ombros sempre com grande entusiasmo. Também ao longo de mais de uma década a continuidade da revista Ciências da Terra que distingue o seu – o nosso - Departamento foi para o João Pais um desafio a continuar e a aprofundar; porque acreditou que valia a pena!

Como sói dizer-se, não há pessoas insubstituíveis; mas, outrossim, há pessoas difíceis de substituir. O João Pais é uma dessas pessoas. Não tanto pelas funções que desempenhou ou actos que praticou, mas mais por “tudo” o que ele foi e representava: um Homem Bom e Generoso, um Exemplo, um Amigo.

João Pais faleceu no dia em que de nós partiu também Umberto Eco, um “Humanista Integral” que o João Pais também foi.

À Família o nosso profundo respeito e pesar por este triste acontecimento que ninguém esperava. O João Pais deixa, também em nós, uma profunda saudade.

Os colegas do DCT

Homenagem a João Pais

Fotografia do grupo que esteve presente no almoço de homenagem ao Prof. João Pais após a sua aposentação, tirada no campus da Faculdade. Nela se vêm todos os docentes do DCT, funcionárias, antigos alunos e amigos de outras instituições, bem como a sua filha Ana Rita, licenciada em Engª do Ambiente pela FCT/UNL.